Evento socioambiental é promovido pela Administração de Fernando de Noronha, em paralelo ao Hang Loose Pro Contest
O mar não estava para surf, mas a ilha sempre está preparada para ações que preservem o meio ambiente. E foi assim que ontem (2), o terceiro dia do Campeonato Mundial de Surf Hang Loose Pro Contest, começou. Sem baterias, em função da qualidade das ondas, o evento se voltou para o trabalho socioambiental, capitaneado pela Administração da Ilha, através da Superintendência de Infraestrutura, Obras e Meio Ambiente.
O início das atividades começou com ações sociais e de conscientização, em parceria com atletas, a equipe do Hang Loose e o Econoronha. Na ocasião, houve o replantio de mudas nativas no Posto de Informação e Controle – Golfinho/Sancho. “Foram plantadas Gameleira, Jitó, Mulungu, Burra Leiteira, João Mole, Pinhão, Pinhão Branco e Maniçoba, todas as espécies nativas da ilha, com mudas produzidas no viveiro da Econoronha.
A administradora geral do arquipélago, Thallyta Figuerôa, fez questão de participar e plantou uma muda de Pinhão Branco. Ela falou da experiência de participar de um evento desse porte, com essa consciência de deixar um legado importante para os próximos anos. “A simbologia desse evento é um marco. A gente percebe a responsabilidade do grupo que chega e é isso que nós pretendemos trazer sempre para cá”, disse. “É muito importante que a gente faça eventos como esse, com pessoas que tenham responsabilidade com o meio ambiente, porque é o que a gente mais precisa aqui. E, assim, fazemos toda a magia acontecer em Noronha”, completou.
O gerente da Superintendência de Infraestrutura, Obras e Meio Ambiente, Ramon Abelenda, defende a frequência de ações dessa natureza para preservar a ilha. “A promoção de trabalhos ambientais, simbólicos, mas bastante representativos como esse, promovido pela Administração com a equipe do Hang Loose, a Econoronha e vários participantes, são de extrema importância. Primeiro, para a manutenção dos ecossistemas da ilha, e, segundo, para que a gente possa estar conscientizando todos os moradores, bem como os turistas e os demais visitantes, para a necessidade da preservação do patrimônio ambiental que a ilha tem”, falou.
Para Djalma Alves, da gestão de Meio Ambiente da ilha, é muito importante esse engajamento com parceiros. “A gente pegou esse apoio do Hang Loose, com seu staff e os atletas, para auxiliar no nosso plantio de espécies nativas aqui de Fernando de Noronha. Sabemos da importância de termos essas espécies nativas para a manutenção da biodiversidade da ilha. Então, unimos o útil ao agradável, e está sendo bem legal. Os meninos estão engajados e a gente quer disseminar essa importância, para sempre fazer uma melhoria contínua em nosso meio ambiente.”
Já o engenheiro agrônomo da Econoronha, David Balogh, falou sobre o trabalho realizado no Parque e destacou o fato de já terem sido plantadas, no ano passado, aproximadamente mil mudas. “A gente tem um trabalho contínuo aqui no Parque de produção de mudas nativas e manejo da vegetação exótica invasora. A ideia é erradicar essa vegetação invasora de algumas áreas e ir avançando e substituindo com as espécies nativas da ilha”, explicou.
Fábio Gouveia, surfista e diretor de prova do Hang Loose, já participou de outras edições do evento e espera que o mesmo prospere sempre. “É um ato simbólico e, normalmente, o Hang Loose sempre faz esse trabalho em parceria com a Administração da ilha, para que o evento sempre prospere. Já participei de outros e, para mim, é um prazer. Fiz a plantação de uma muda de Maniçoba e fiquei conhecendo mais sobre a espécie. Dessa forma, vamos passando conhecimento para frente”, reforçou.
O diretor da Hang Loose, Alfio Lagnado, vem a Noronha desde 1988 e diz que não abre mão de acompanhar essa evolução da ilha. “A primeira vez que eu vim para Noronha foi em 1988 e o primeiro Hang Loose foi em 2000. Todo mundo que passa por aqui tem que deixar a sua contribuição. O arquipélago oferece todas essas belezas naturais e essas ondas maravilhosas. E, nesse paraíso, o mínimo que a gente deve fazer é tentar ajudar a mitigar e realizar um trabalho ambiental, social, ação que a gente vem fazendo já há muitos anos, inclusive para difundir mundo afora”, finalizou.
Texto: Patrícia Lyra
Fotos: Karol Vieira