FAUNA

Fauna de Noronha

O Arquipélago de Fernando de Noronha apresenta elevada diversidade faunística e alto grau de endemismo, típico em ambientes insulares oceânicos. Em virtude da sua importância para a biodiversidade e seu status de conservação, algumas espécies encontradas na área são legalmente protegidas, tanto na Área de Proteção Ambiental (APA) quanto no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR).

Espécies protegidas na APA (ICMBio, 2017):

– Tartaruga verde – Chelonia mydas;
– Bodião ilhéu – Bodianus insularis;
– Peixe da família Serranidae – Anthias salmopunctatus;
– Gorgônia – Phyllogorgia dilatata;
– Peixe da família Chaetodontidae – Prognathodes obliquus;
– Donzela-de-São-Pedro-e-São-Paulo – Stegastes sanctipauli.

Espécies protegidas no PARNAMAR (IBAMA, 1990):

Espécies protegidas no PARNAMAR (IBAMA, 1990):

– Tartaruga cabeçuda – Caretta caretta;

– Tartaruga verde -Chelonia mydas;

– Cebito – Elaenia ridleyana;

– Estrela-do-mar – Echinaster (Othilia) guyanensis;

– Ouriço-satélite – Eucidaris tribuloides;

– Tartaruga-de-pente – Eretmochelys imbricata;

– Caranguejo – Johngarthia lagostoma;

– Tartaruga oliva – Lepidochelys olivácea;

– Coral-de-fogo – Millepora alcicornis;

– Tubarão-limão – Negaprion brevirostris;

– Rabo-de-palha-de-bico-vermelho – Phaethon aethereus;

– Caranguejo – Percnon gibbesii;

– Gorgônia – Phyllogorgia dilatata;

– Rabo de junco de bico laranja – Phaethon lepturus;

– Pardela de asa larga -Puffinus lherminieri;


– Juruviara-de-noronha –
Vireo gracilirostris

Fauna Terrestre

As ilhas oceânicas apresentam fauna terrestre bastante peculiar se comparada àquela dos continentes adjacentes, o que ocorre também em Fernando de Noronha, onde uma espécie de invertebrado terrestre merece atenção especial. Trata-se do caranguejo-amarelo (Johngarthia lagostoma), endêmico das ilhas oceânicas brasileiras (Fernando de Noronha, Atol das Rocas e Trindade). A espécie possui adultos terrestres, que vivem em tocas entre a vegetação insular e têm hábitos noturnos, quando saem das tocas. As larvas se desenvolvem no mar, ressaltando a importância da conectividade entre os ambientes insular e marinho.

Ao longo do tempo, a fauna terrestre de Fernando de Noronha sofreu considerável interferência, de modo que atualmente a maior parte das espécies de vertebrados terrestres é exótica. Duas espécies endêmicas de répteis estão presentes no Arquipélago: o lagarto popularmente chamado de cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena ridleyi) e o pequeno lagarto endêmico Mabuia (Trachylepsis atlantica). Além disso, o tejú, tejo ou teiú (Salvator merianae) e a (Hemidactylus mabouia) – espécie de lagartixa – ambos introduzidos, estão presentes na Ilha principal.

A fauna de mamíferos terrestres é composta predominantemente por espécies introduzidas, entre elas três roedores exóticos, o rato-doméstico (Rattus rattus), o camundongo (Mus musculus) e o mocó (Kerodon rupestris). Outro mamífero exótico cuja ocorrência é registrada na Ilha é o gato doméstico (Felis catus), além do cachorro (Canis lupus familiaris) e de alguns pequenos rebanhos de cabras e cavalos.

Fauna Marinha

Fernando de Noronha apresenta uma grande variedade de habitats e vasta cobertura recifal, o que é refletido na elevada biodiversidade marinha e no alto grau de endemismo, razões pelas quais a região é de extrema importância para a conservação marinha. Serafini et al .(2010), listaram para o local, com base em levantamento bibliográfico:

› 169 espécies conhecidas de peixes recifais, sendo 10 dos endêmicos;
› 218 espécies conhecidas de moluscos, sendo 3 endêmicos;
› 11 espécies conhecidas de corais;
› 33 espécies conhecidas de cnidários;
› 77 espécies conhecidas de esponjas.

As inúmeras piscinas naturais estão repletas de peixes (incluindo os cartilaginosos, como raias e tubarões), esponjas, algas, moluscos e corais, dentre eles o mais abundante no Arquipélago, o Montastraea cavernosa. Nas águas rasas encontram-se peixes coloridos como a donzela de rocas; o sargentinho; a coroca e também as moréias. Nas águas profundas podem ser encontrados os peixes frade, budião, ariquita, piraúna e o borboleta. Os cações, o pacífico lambaru e as raias podem ser vistos repousando no fundo.

Uma das espécies que representam o Arquipélago é a Stenella longirostris, nome científico dos golfinhos rotadores, cujo nome vulgar faz referência aos saltos com rotação do corpo que costumam executar fora da água. Estes animais podem atingir até 2 m de comprimento e 90 Kg de peso e se distribuem nas zonas tropicais e subtropicais em todos os oceanos. Os golfinhos rotadores apresentam um comportamento social bastante complexo, deslocando-se geralmente em grupos.

Em Fernando de Noronha, o mirante da Baía dos Golfinhos é um local onde esses animais podem ser observados em seu ambiente natural. A área é utilizada para descanso, reprodução e cria dos animais que, no turno da tarde, deslocam-se para se alimentar de pequenos peixes e lulas em alto-mar. Este é o único local onde ocorre concentração de golfinhos rotadores em todo o Oceano Atlântico. A proibição de circulação de embarcações e mergulho na enseada foi estabelecida em 1986, como medida de proteção para que seja possível a conservação desses animais (para maiores informações, ver: https://golfinhorotador.org.br/).

Outro grupo representativo da fauna marinha da região são as tartarugas marinhas. Fernando de Noronha é sítio de reprodução da tartaruga-verde (Chelonia mydas), que utiliza suas praias arenosas para desovar entre os meses de dezembro e julho. É também área de alimentação, crescimento e repouso para juvenis desta espécie e da tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). O Centro Nacional de Conservação e Manejo das Tartarugas Marinhas – TAMAR está presente na Ilha e desde 1984 zela pelos animais, seus ovos e seus ambientes de reprodução, além de monitorar e avaliar as suas populações. Esses animais são protegidos por Decreto-Lei que estabelece a proibição da captura, pesca e molestamento de todas as espécies de quelônios em águas brasileiras (para mais informações, ver: http://www.tamar.org.br).

Avifauna

O Arquipélago de Fernando de Noronha é considerado área de extrema importância biológica para a conservação de aves costeiras e marinhas (MMA/SBF, 2002), tendo em vista que representa local de pouso, alimentação e reprodução para diversas espécies de aves migratórias. Segundo Antas et al. (1988), o Arquipélago abriga “as melhores colônias de aves marinhas entre as ilhas oceânicas da faixa tropical do Atlântico”. O mesmo ocorre em decorrência da alta produção primária e consequente elevada disponibilidade de alimentos, importantes especialmente no período reprodutivo, quando estes animais necessitam de maior consumo energético.

Das 15 espécies de aves marinhas e costeiras que nidificam em ilhas oceânicas, 11 (ou 73,3% do total) o fazem em Fernando de Noronha, sendo que fora das águas brasileiras existem na região Equatorial e Tropical Sul do Oceano Atlântico apenas três sítios de nidificação para nove dessas espécies (Vooren e Brusque, 1999). A partir desses dados, pode-se perceber a importância de Fernando de Noronha para a preservação da avifauna tanto no contexto regional, quanto mundial.

No Atlântico Sul, poucas ilhas oceânicas apresentam aves terrestres endêmicas. Em contrapartida, Fernando de Noronha apresenta três táxons endêmicos: Zenaida auriculata (ribaçã ou avoante), Vireo gracilirostris (juruviara-de-noronha) e Elaenia spectabilis ridleyana (cocoruta), sendo que os dois últimos encontram-se na lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção, na categoria vulnerável. Destacam-se na avifauna local:

› Garça-vaqueira (Bubulcus ibis);
› Rabo-de-palha-de-bico-vermelho (Phaethon aethereus);
› Rabo-de-palha-de-bico-laranja (Phaethon lepturus);
› Atobá-mascarado (Sula dactylatra);
› Atobá-de-pé-vermelho (Sula sula);
› Atobá-pardo (Sula leucogaster);
› Catraia ou tesourão-magnífico (Fregata magnificens);
› Trinta-réis-marinho (Thalasseus maximus);
› Trinta-réis-escuro (Anous stolidus);
› Trinta-réis-preto ou Viuvinha (Anous tenuirostris);
› Trinta-réis-branco ou Noivinha (Gygis alba).

O fato de grande parte da área do Arquipélago estar contemplada numa Unidade de Conservação de Proteção Integral (PARNAMAR) representa uma proteção também às espécies que ali ocorrem, em especial àquelas que dependem das ilhas secundárias, as quais abrigam importantes colônias de reprodução da avifauna. A área da APA, por sua vez, é bastante utilizadas por estes animais para pouso e alimentação.