Em Noronha, Projeto Ecotuba desenvolve ações educativas e monitoramento de tubarões
A Administração de Fernando de Noronha assinou, em julho deste ano, um Acordo de Cooperação com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para a realização de uma série de atividades de conscientização ambiental nas praias da Área de Proteção Ambiental (APA). Denominado Ecotuba, o projeto está promovendo ações educativas que tornem segura a prática do banho de mar, possibilitando também o equilíbrio ecológico por meio do monitoramento e conservação dos tubarões que habitam a região do arquipélago. O Ecotuba é sem fins lucrativos, apenas científico.
Nesta quinta (19), as biólogas da UFRPE percorreram as praias do Porto, Cachorro, Conceição e Cacimba do Padre. Durante as ações, as profissionais conversaram e entrevistaram turistas e moradores, informando a importância dos tubarões no ecossistema marinho, fornecendo orientações, de maneira lúdica e interativa, com réplicas dos animais e materiais gráficos sobre as espécies. A próxima ação educativa está programada para acontecer em novembro.
“Essas ações, em parceria com a universidade, previam, além das pesquisas de campo, através das expedições para a marcação dos tubarões, trabalho de educação ambiental. Porque é muito importante ter esse contato direto, tanto com a população quanto o turista, para termos as informações corretas, desmitificando a imagem negativa que muitas pessoas têm dos tubarões. Até porque esses animais cumprem um papel essencial na natureza”, destacou o gerente de Meio Ambiente de Noronha, Ramon Abelenda.
O objetivo principal do projeto, no entanto, é contribuir para o levantamento de informações que possam auxiliar na implementação de medidas de segurança eficientes para os banhistas e praticantes de atividades aquáticas. Atualmente, 79 tubarões Tigres e 38 da espécie Limão estão sendo monitorados pelos profissionais da universidade.
O Ecotuba é derivado do Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões no Estado de Pernambuco (Protuba), desenvolvido pela UFRPE, e realizado entre 2004 e 2014 na costa da Região Metropolitana do Recife. Com a descontinuidade do projeto na capital, a rede de pesquisa foi implantada em Noronha. Atualmente é coordenado pelo professor Paulo Oliveira, do departamento de Pesca e Aquicultura da universidade. Treze receptores estão em funcionamento na região, captando as informações dos transmissores acústicos implantados nos animais. Os dados coletados são repassados anualmente para o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio).
“Esse monitoramento é feito no acompanhamento da presença e dos padrões de aproximação desses animais. Quando o tubarão se aproxima do receptor acontece a captação da presença. Dessa forma, nós temos condições de responder questões como as áreas preferenciais dos animais. A partir daí, conseguimos implementar medidas que promovam maior segurança e mitiguem os possíveis incidentes com tubarões. O projeto tem a pretensão de, a partir de 2024, monitorar também o tubarão Bico-Fino”, disse Danielle Viana, pesquisadora da UFRPE e integrante do projeto.
O projeto Ecotuba, que também está sendo realizado no Atol das Rocas e no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, conta com o apoio do Governo de Pernambuco, Administração Distrital e ICMBio.
Texto: Ney Anderson
Fotos: Projeto Ecotuba