Fernando de Noronha é destaque em evento promovido pela Organização Pan-Americana de Saúde sobre o combate à covid-19
Fernando de Noronha foi destaque nesta segunda-feira durante o primeiro dia do evento promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), no Recife, que vai até a próxima sexta-feira. O encontro é realizado com a intenção de possibilitar o intercâmbio de experiências no enfrentamento à Covid-19 entre os estados e municípios brasileiros e também outros países. É uma ação conjunta com o Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).
Mozart Sales, especialista da Secretaria Estadual de Saúde e coordenador do Termo de Cooperação entre a Secretaria e a OPAS, fez a explanação das ações de enfrentamento à covid-19 em Noronha, destacando as medidas de restrição implementadas na ilha desde o início da pandemia, o lockdown, os protocolos para a retomada do turismo e o estudo epidemiológico em suas cinco fases. Durante a apresentação, Mozart falou ainda sobre a estratégia de testagem em massa da população, o que permitiu um controle da disseminação do vírus no arquipélago e o monitoramento da evolução da doença, com a realização da pesquisa.
“É muito importante esse trabalho que está sendo feito em Fernando de Noronha através do estudo epidemiológico, porque conseguimos acompanhar o desenvolvimento da doença na ilha e fazer as medidas de controle adequados para impedir que a doença se alastrasse e prejudicasse a população. Neste momento estamos com a Organização Pan-Americana de Saúde, o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde mostrando essa experiência em Noronha para indicar qual o caminho seguir”.
Outra medida importante realizada em Fernando de Noronha, foi a vacinação em massa que ja atinge quase 98% da população adulta, na primeira dose. Para Guilherme Rocha, administrador de Fernando de Noronha, também presente no encontro, o protocolo e as ações adotadas na ilha foram exitosos, ficando entre os melhores do mundo. “Levando em consideração o número de nossa população, a quantidade de pessoas infectadas e o número de óbitos, as nossas medidas foram tomadas no tempo correto e de forma urgente para evitar maiores transtornos. Os resultados foram positivos sobre o controle da transmissão viral dentro de Fernando de Noronha e o retorno das atividades turísticas. A ilha, dessa forma, tem se tornado um exemplo no controle ao coronavírus”, ressaltou Rocha.
Com a vacinação em massa, outra estratégia que deve ser implementada em breve, é a testagem de toda a população vacinada em três etapas, provavelmente nos meses de julho, outubro e no início de 2022, com a coleta de material sorológico para monitorar os anticorpos presentes nas pessoas a partir desta imunização. “Vamos continuar acompanhando os participantes do estudo epidemiológico, mas iremos estender a avaliação fazendo o exame sorológico (de sangue) para todos os vacinados da ilha. Para isso, iremos pedir a autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para a a ampliação e prorrogação do estudo em andamento desde maio de 2020 .Assim que eles autorizarem vamos estender a avaliação, com a devida autorização das pessoas através de um termo de consentimento. Essas respostas serão importantes para proteger a população de Noronha, evitando que a doença se alastre no arquipélago, mas também para indicar cientificamente os caminhos para o Brasil e outros países, quais os protocolos que devem ser seguidos com a população vacinada, medindo a presença de anticorpos após a vacinação 28 dias depois da primeira dose , e 28 dias depois da segunda dose e em 2022 seis meses após a segunda dose. Também iremos realizar o seguimento através dos banco de dados do ESUS VE notifica , SIVEP GRIPE e GAL sobre se houve adoecimento na ilha por Covid-19 tanto com casos leves como casos graves após a vacinação. Com isso verificaremos a necessidade, se for o caso, do reforço na imunização, a chamada terceira dose, como vários países estão estudando ”, destaca Mozart Sales.
Segundo Fernando Magalhães, superintendente de Saúde do arquipélago, a pandemia ainda está longe de ser controlada no país. Então é necessário que se mantenha o respeito aos protocolos vigentes na ilha, porque a imunização eficaz só vai acontecer após a aplicação da segunda dose da vacina. “Estamos bem perto de atingir os cem por cento da população com a primeira dose. Contudo, não podemos descuidar dos protocolos de distanciamento social, evitando aglomerações, e também utilizando máscara e higienizando as mãos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a imunização completa se dá 21 dias após a aplicação da segunda dose da vacina. Precisamos continuar vigilantes e manter todas as orientações repassadas pela Secretaria Estadual de Saúde e a Superintendência de Saúde do arquipélago”.
O evento da Organização Pan-Americana da Saúde é dividido em três eixos de análise das medidas adotadas pelos municípios: vigilância (abrangendo implementação dos protocolos, estratégia de testagem, investigação e rastreamento de pessoas possivelmente infectadas); atenção à saúde (unidade de atenção primária, de urgência e emergência e hospitais de referência e campanha e comunicação de risco. Após visitar os serviços de saúde locais, a equipe da OPAS vai revisar as boas práticas para produção de relatório final onde serão apontadas as ações efetivas implementadas pelo estado no enfrentamento da pandemia e lições aprendidas.
Texto: Ney Anderson