Projeto Voz dos Oceanos chega em Fernando de Noronha
No último fim de semana, a família Schurmann desembarcou em Fernando de Noronha para dar continuidade ao projeto “Voz dos Oceanos”, que tem foco ambiental em registrar, documentar e promover soluções para o lixo marinho. Logo após a chegada, a família organizou uma roda de conversa no auditório do Projeto Tamar, com a participação dos idealizadores, Heloisa e Vilfredo Schurmann, para explicar o objetivo da ação.
“Um lugar tão maravilhoso como Noronha não teria como estar fora da nossa rota de observação para a preservação ambiental. A Ilha está de parabéns por proibir a entrada de plásticos e ser exemplo no mundo. Essa é uma expedição do futuro e não histórica”, afirma um dos idealizadores do projeto, Vilfredo Schurmann.
Com quase 4 décadas de expedições, a família Schurmann, conhecida por velejar ao redor do mundo, somando 37 anos de aventuras e expedições no mar, iniciou o projeto “Voz dos Oceanos” em agosto deste ano. A nova expedição conta com sete pessoas a bordo e vai visitar sessenta locais iniciando pelo Brasil e depois pelo exterior (Caribe, Bahamas, Miami, Nova York, entre outros). A família vai fazer uma visita guiada na Usina de Tratamento de Resíduos Sólidos (UTRS), Compesa, além de fazer uma reunião com o administrador para alinhar os objetivos do projeto.
“Esse projeto não só estimula a educação ambiental, como dá maior visibilidade as ações que desenvolvemos na ilha. Isso só contribui com o trabalho que fazemos. Tentamos avançar cada vez mais, tanto com o programa Plástico Zero, quanto em outras ações, como as plantas exóticas, por exemplo, disse a Bióloga da Superintendência de Meio Ambiente da Ilha, Érika Santos.
Além de registrar os dados in loco, o projeto vai chamar atenção para a presença do plástico nos oceanos, com a ajuda de equipamentos instalados no veleiro. Na ocasião, eles vão coletar dados sobre o impacto da contaminação humana nos oceanos. Um dos aparelhos utilizados é o drone, que tem a capacidade de tirar fotografias que detectam a presença de resíduos no oceano. Os dados serão analisados por uma equipe de quatorze cientistas brasileiros e estrangeiros.
De acordo com Vilfredo Schurmann, é muito preocupante o aumento dos plásticos no oceano, que traz consequências negativas para todos. “O microplástico e o nanoplástico já estão afetando as algas, que já afetam os peixes e por aí vai. Cientistas de uma entidade holandesa já detectaram a presença de microplásticos na placenta das mulheres. Outro fato é que o Brasil só recicla 6% dos plásticos que produz, enquanto outros países reciclam muito mais. Isso é muito sério e a nossa preocupação é fazer esse alerta”.
A embarcação conta com sistema de geração de energia eólica, solar, além de hélices hidrogeradoras, mecanismo de dessalinização da água do mar (quando ligado, deixa 200 litros de água por hora própria para consumo) e tratamento de esgoto (90 litros descontaminados a cada três dias).
Texto: Bruna Woolley