Administração de Noronha celebra o aniversário da ilha com homenagem aos moradores do arquipélago

Administração de Noronha celebra o aniversário da ilha com homenagem aos moradores do arquipélago

Nada identifica mais um lugar do que as pessoas que moram nele. Foi pensando nisso que a Administração de Fernando de Noronha resolveu homenagear dez moradores da ilha, como forma de comemoração aos 518 anos do arquipélago, no próximo dia 10 de agosto. Por meio de depoimentos em vídeo, cidadãos noronhenses falaram um pouco sobre a própria vida, que também se mistura com a história da ilha. Os depoimentos, e também cartões digitais comemorativos, vão ser publicados nas redes sociais do distrito a partir do dia primeiro de agosto (domingo) até a data de aniversário de Noronha.

 

“Nada mais justo saudar os 518 anos de Fernando de Noronha dando o protagonismo aos noronhenses, pois são pessoas que moram na ilha, têm a ligação com a história do arquipélago, amam e respeitam esse paraíso. São pessoas que representam o verdadeiro sentido de comunidade, de comunhão com o próximo, fortemente ressaltado nesse período de pandemia. Enaltecer o aniversário da ilha por meio dessas vozes é algo muito significativo, porque a ilha está em cada um que resolveu fazer dela o seu destino de vida”, diz Guilherme Rocha, administrador de Fernando de Noronha.

Sob o tema “Aqui é o meu lugar”, os ilhéus relembraram de passagens marcantes deles em Noronha, o dia a dia na ilha e de como se sentem em morar no destino dos sonhos de muita gente. São relatos emocionantes, de pessoas que chegaram na ilha por vários motivos e se tornaram parte do cotidiano do arquipélago, que têm a ilha como sinônimo de refúgio, onde o sossego contrasta com a vida agitada do continente.

 

Givanilson Cabral, um dos personagens da série, mais conhecido como Giva, ressalta justamente essa característica. Ele que está há 26 anos na ilha, e trabalha na gestão insular do distrito, se diz satisfeito em poder ter a oportunidade de viver em Noronha. “A gente não se preocupa com roubo, assalto, com coisa nenhuma desse tipo. Nós temos uma tranquilidade de estar na ilha”.

O radialista Ramos Pereira, o Raminho, que chegou à ilha levado pelos pais aos quatro anos de idade, não apenas vive na ilha, mas se sente parte de toda a energia que o lugar emana. Hoje com 63 anos, Raminho retribui todo o afeto que recebe da ilha fazendo o trabalho social de informar diariamente a população nas ondas da FM Noronha, na qual ele é o apresentador. “É a ilha que me faz sentir, pulsar. Em Noronha finquei a bandeira da paz, da união, da esperança e da fé”.

Por conta da pandemia, mesmo com a população adulta já vacinada com a primeira dose dos imunizantes e da flexibilização de algumas atividades, a Administração Distrital ainda não permite a realização de shows e grandes eventos, por isso não haverá festa para celebrar a data. No entanto, dar protagonismo ao cidadão e cidadã noronhense em momento tão especial justifica a homenagem.

“É impossível compreender totalmente Noronha se não for através do olhar das pessoas que habitam e que são habitadas pela ilha. Para além das belas paisagens e dos cenários deslumbrantes, Fernando de Noronha se complementa com a hospitalidade do seu povo sempre alegre e gentil, que oferece momentos inesquecíveis aos visitantes. Homenagear os cidadãos e cidadãs noronhenses nessa data tão importante é sinônimo de respeito e admiração de todos nós da Administração, pois eles são a alma de Fernando de Noronha”, comenta Giovanna Rodrigues, superintendente de Turismo do arquipélago.

A relação íntima das pessoas que moram no arquipélago é reforçada pelo aspecto do pertencimento, do respeito com a natureza e da união. Dona Zefinha, como é carinhosamente conhecida Josefa Almeida, proprietária de uma pousada, chegou na ilha acompanhada do marido em 1958. Além de um lar, construiu muitas amizades em todos esses anos. “Em Noronha eu ganhei muitos amigos. A ilha é o melhor presente que Deus me deu”, diz.

Diz um trecho do hino oficial da ilha que Noronha é um sonho que ninguém quer despertar. Lídia Maria Cavalcanti, ou simplesmente Lili, concorda plenamente com essa frase. Apicultora e agricultora, que desembarcou ainda muito jovem em Noronha no ano de 1959, com o pai militar, saiu apenas uma vez do arquipélago, aos 13 anos de idade, quando o pai foi transferido para o Recife e levou a família. Mas cinco anos depois voltou e não saiu mais. “Eu sempre tive um apego muito grande a Noronha. Eu não consigo viver longe daqui. Quando eu viajo, já saio com lágrimas, com saudade da ilha”.

Texto: Ney Anderson

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